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terça-feira, 7 de julho de 2015

Jorge

Jorge era do tipo comum. Todos os dias acordava às 6 da manhã e se preparava para mais  uma maratona, que incluía o trabalho em meio período em um escritório, as aulas  de  administração na universidade e aulas de música (diziam que ele tocava bem, mas ensaiar  leva à perfeição). 

E entre relatórios e ensaios estava a igreja. Jorge passava boa parte do seu tempo livre  por lá, decorando hinos, sendo simpático e prestativo com todos, ajudando nos cultos. "É  um bom moço". "Tão diferente da mãe...", diziam algumas senhoras que costumavam passar  mais tempo preparando relatórios sobre a vida alheia do que cultivando seu terreninho no céu. Era de conhecimento (velado) de todos que a mãe de Jorge tinha sido dispensada de  seu último emprego por limpar não só os móveis da casa, mas também as carteiras.

De qualquer modo, ele era do tipo namorado perfeito, futuro marido perfeito. Todas as  mães confiavam cegamente em deixar suas filhas adolescentes irem ao shopping, ao cinema  ou onde quer que fosse com Jorge, que era sempre muito respeitoso, nunca tentava mais do  que um abraço e um beijinho comportado. Afinal, o sexto mandamento era bem claro - e ele  era temente a Deus. 

Porém, o que apenas Deus e algumas poucas moças sabiam era que Jorge tinha sérios  problemas com a sua castidade. Ele simplesmente não conseguia controlá-la. E como tinha  uma imagem a zelar perante o pastor e a comunidade, procurava as mulheres "seculares"  para extravasar seus desejos, digamos, não muito cristãos. Mas não era qualquer uma. Ele  não gostava de prostitutas, mas de mulheres com a mente mais aberta, que achavam, por  exemplo, um golden shower normal e saudável. Ele tinha um namoro santo com uma menina da  igreja enquanto uma mulher do mundo comia seu cu. 

Enfim, um dia aconteceu. Ele conheceu a menina perfeita para se casar: não tão bonita  (para não atrair concorrentes), cultura mediana, tinha prazer em fazer as tarefas do lar,  criada pela mãe para servir o marido. Enfim, a esposa dos sonhos. Não demorou para os  dois se casarem e viverem em um conto de fadas. Todos os dias ela chegava do trabalho  mais cedo para preparar-lhe o jantar, se arrumar e os dois jantavam, liam a Bíblia e  faziam sexo santo, quer dizer, faziam amor antes de dormirem e começarem um novo dia.

Os dois pareciam muito acostumados à rotina, e ele a quebrava com uma velha conhecida,  que sabia da sua vida dupla e achava até graça nisso. Uma vez ela questionou o motivo  dele não fazer inversão ou menàge, ou as coisas que os dois sempre faziam, com a esposa.  Afinal, para essas coisas é preciso o mínimo de confiança. Ele ficou bravo e respondeu  que casamento era uma coisa e escravidão sexual era outra, que não ficava bem beber o  mijo da esposa ou jantar com o cuspe dela no prato. A outra riu e os dois continuaram se  encontrando sempre que um deles desejava.

Um dia a amante sugeriu que fossem a um clube de BDSM, para se inspirarem e, quem sabe,  se exibirem um pouco, coisa que era comum nesses lugares. Ele se animou com a ideia e  inventou em casa que teria uma viagem para outra cidade, para resolver alguns problemas  de uma filial da empresa em que trabalhava. E lá foram os dois, excitados com o que  veriam e fariam naquela noite. Chegando lá, viram muito vinil, chicote, amarras, coleiras  e tapas. No palco, uma mascarada estava, muito à vontade, suspensa e amarrada enquanto  diversos homens e mulheres a chicoteavam, cospiam nela e transavam enquanto a plateia observava atentamente, antes de começarem seus pequenos shows e a ocupar os ambientes do lugar. Diziam que ela era a melhor de todas as que se apresentavam por lá.  Ao final da apresentação, Jorge, cheio de tesão, queria muito ver quem era a mulher que o deixara louco, e foi atrás dela, junto com a amante. Quando ela finalmente tirou a  máscara, Jorge pôde ver que sua esposa, que fez sua mala, lhe preparou o jantar na noite  anterior, leu os Salmos com ele, tinha mais uma qualidade: ser a escrava sexual perfeita.