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sábado, 11 de janeiro de 2020

Mais um recomeço

Aí eu resolvi tentar retomar os escritos aqui no blog, mais como uma forma de desabafo (porque a gente precisa pôr para fora algumas coisas, mas não quer, necessariamente, conversar com alguém).
Vamos ver no que dá.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sweet dreams are made of this

Cá estou eu, tirando a poeira do blog, talvez pelo tempo disponível devido às "férias" de fim de ano. Ou porque me deu vontade de escrever...

Outro dia tive um sonho muito estranho. Quem me conhece sabe que sonhos estranhos são minha especialidade, mas esse foi diferente. Posso dizer que foi um dos piores sonhos que já tive. Um pesadelo. Sonhei que um cantor famoso (sei que ele era famoso, mas não lembro seu nome nem por decreto) me chamava para cantar (?!) em uma festa para famosos (??!?!?). 
No sonho eu sabia cantar e lá fomos nós. Eu estava muito feliz por ter a oportunidade de mostrar meu trabalho para as pessoas, e pessoas famosas...

Ao entrar na festa, acabamos nos separando e um dos caras do Casseta e Planeta me puxou de lado pedindo identificação, perguntando o que eu estava fazendo ali. Pensando tratar-se de uma piada, que ele estava ali de "porteiro", fazendo graça com os que entravam, falei que ia cantar e segui em frente, mas ele não parecia muito humorista quando falou alguma coisa do tipo "você, cantando aqui? gorda desse jeito?". Ignorei e segui em frente, procurando meu amigo, mas a cada passo que dava, os olhares iam se voltando para mim, todo mundo me ofendendo e humilhando por causa do meu peso, do meu corpo, "olha essa aí, que ridícula", "quem deixou isso aí entrar", risadas e tudo o mais. Ouvi todo o tipo de grosseria até que comecei a chorar.

Nesse momento alguém me levou para uma sala e prometeu ligar para o tal cantor, para ele vir encontrar comigo e eu só pensava em como iria cantar depois da choradeira (sério, eu não pensei em dar o fora dali o mais rápido possível). Ele me encontrou na tal sala e eu acordei antes da apresentação (ainda bem. Não sei se aguentaria mais humilhação hahahaha).

Esse sonho me fez refletir... É mais ou menos isso que acontece comigo e, imagino eu, com as outras gordas. Quando não ouvimos as ofensas em alto e bom som, sabemos que elas estão lá, nos comentários e atitudes das pessoas que convivem com você e deixam a gordofobia aparecer vez ou outra. "Que ridícula fulana de tal ir à praia de biquini"; "Queria ter essa sua coragem em usar saia"; "Tenho nervoso de gente gorda pelada". Nunca servi para ser apresentada ao amigo solteiro (só ao que tinha tesão por gorda, mas não era homem o suficiente para assumir). Já cheguei uma vez no trabalho e tinha um papel de clínica de emagrecimento em cima da minha mesa. Já fui (des)convidada para trilha com um comentário de "vamos fazer, mas tem subida, e anda muito" (se esse povo soubesse o quanto eu ando, subo escada e o quanto de peso eu aguento...). Poderia continuar por horas...

Cada vez que vejo um depoimento de uma gorda que sofreu algum tipo de abuso (xingamentos, ofensas etc), me vejo no lugar dela, e, cada vez que vejo sua reação respondendo à altura, tenho esperança de quem um dia esse tipo de sonho que eu tive será apenas sonho, sem nenhuma ligação com a realidade.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Jorge

Jorge era do tipo comum. Todos os dias acordava às 6 da manhã e se preparava para mais  uma maratona, que incluía o trabalho em meio período em um escritório, as aulas  de  administração na universidade e aulas de música (diziam que ele tocava bem, mas ensaiar  leva à perfeição). 

E entre relatórios e ensaios estava a igreja. Jorge passava boa parte do seu tempo livre  por lá, decorando hinos, sendo simpático e prestativo com todos, ajudando nos cultos. "É  um bom moço". "Tão diferente da mãe...", diziam algumas senhoras que costumavam passar  mais tempo preparando relatórios sobre a vida alheia do que cultivando seu terreninho no céu. Era de conhecimento (velado) de todos que a mãe de Jorge tinha sido dispensada de  seu último emprego por limpar não só os móveis da casa, mas também as carteiras.

De qualquer modo, ele era do tipo namorado perfeito, futuro marido perfeito. Todas as  mães confiavam cegamente em deixar suas filhas adolescentes irem ao shopping, ao cinema  ou onde quer que fosse com Jorge, que era sempre muito respeitoso, nunca tentava mais do  que um abraço e um beijinho comportado. Afinal, o sexto mandamento era bem claro - e ele  era temente a Deus. 

Porém, o que apenas Deus e algumas poucas moças sabiam era que Jorge tinha sérios  problemas com a sua castidade. Ele simplesmente não conseguia controlá-la. E como tinha  uma imagem a zelar perante o pastor e a comunidade, procurava as mulheres "seculares"  para extravasar seus desejos, digamos, não muito cristãos. Mas não era qualquer uma. Ele  não gostava de prostitutas, mas de mulheres com a mente mais aberta, que achavam, por  exemplo, um golden shower normal e saudável. Ele tinha um namoro santo com uma menina da  igreja enquanto uma mulher do mundo comia seu cu. 

Enfim, um dia aconteceu. Ele conheceu a menina perfeita para se casar: não tão bonita  (para não atrair concorrentes), cultura mediana, tinha prazer em fazer as tarefas do lar,  criada pela mãe para servir o marido. Enfim, a esposa dos sonhos. Não demorou para os  dois se casarem e viverem em um conto de fadas. Todos os dias ela chegava do trabalho  mais cedo para preparar-lhe o jantar, se arrumar e os dois jantavam, liam a Bíblia e  faziam sexo santo, quer dizer, faziam amor antes de dormirem e começarem um novo dia.

Os dois pareciam muito acostumados à rotina, e ele a quebrava com uma velha conhecida,  que sabia da sua vida dupla e achava até graça nisso. Uma vez ela questionou o motivo  dele não fazer inversão ou menàge, ou as coisas que os dois sempre faziam, com a esposa.  Afinal, para essas coisas é preciso o mínimo de confiança. Ele ficou bravo e respondeu  que casamento era uma coisa e escravidão sexual era outra, que não ficava bem beber o  mijo da esposa ou jantar com o cuspe dela no prato. A outra riu e os dois continuaram se  encontrando sempre que um deles desejava.

Um dia a amante sugeriu que fossem a um clube de BDSM, para se inspirarem e, quem sabe,  se exibirem um pouco, coisa que era comum nesses lugares. Ele se animou com a ideia e  inventou em casa que teria uma viagem para outra cidade, para resolver alguns problemas  de uma filial da empresa em que trabalhava. E lá foram os dois, excitados com o que  veriam e fariam naquela noite. Chegando lá, viram muito vinil, chicote, amarras, coleiras  e tapas. No palco, uma mascarada estava, muito à vontade, suspensa e amarrada enquanto  diversos homens e mulheres a chicoteavam, cospiam nela e transavam enquanto a plateia observava atentamente, antes de começarem seus pequenos shows e a ocupar os ambientes do lugar. Diziam que ela era a melhor de todas as que se apresentavam por lá.  Ao final da apresentação, Jorge, cheio de tesão, queria muito ver quem era a mulher que o deixara louco, e foi atrás dela, junto com a amante. Quando ela finalmente tirou a  máscara, Jorge pôde ver que sua esposa, que fez sua mala, lhe preparou o jantar na noite  anterior, leu os Salmos com ele, tinha mais uma qualidade: ser a escrava sexual perfeita.

domingo, 14 de outubro de 2012

Eu só peço a Deus um pouco de malandragem...

Eu só queria saber onde vende essa tal de maturidade. Me disseram que, na falta dela, poderia adquirir um pouco de malícia também. Já procurei em vários lugares, perguntei a muita gente, mas tudo o que consegui foram risos, zombarias. "O quê? Isso não á para o seu bico, não. Toma um pouco de pena e lamba os beiços".

Não desisti e entrei na fila novamente. Mas ao chegar minha vez, fui novamente frustrada. "Ponha-se no seu lugar!", ele disse. E o último frasco foi dado a outra pessoa.

Sigo na busca, procurando, tentando, caindo e levantando. "É uma dramática!", dizem os vividos, que não se permitem abrir a janela em um dia de sol só para admirar o azul do céu...

domingo, 10 de junho de 2012

Sábias crianças

Gosto de conversar com crianças. Ouvir seus pontos de vista, suas opiniões sobre a vida, o universo e tudo mais. Sempre aprendo alguma coisa batendo papo um um pequeno (e me divirto muito também).

Mas hoje o Luan me veio com um assunto certo, no momento certo. Estávamos no carro, a caminho do almoço de domingo, quando passamos em frente a um mercado que estava fechado (e, normalmente, nesse horário, não estaria). Meu pai ficou todo empenhado em saber o que havia acontecido (eles apenas mudaram o horário de funcionamento), quando o Luan diz: "vovô, para de de se preocupar com isso, se preocupa com o almoço, que é mais importante". E, logo emenda: "eu me preocupo demais com o que não deveria me preocupar". Perguntei o que ele quis dizer com aquilo e ele logo respondeu: "às vezes estou vendo um filme, do Batman, por exemplo, e, se alguém prende o Batman, fico preocupado se ele vai sair ou não. Mas não deveria me preocupar, é só um filme".

Tá, o exemplo não foi dos mais profundos, mas me fez refletir se às vezes (no meu caso, sempre), me preocupo demais com o Batman, quando o Batman está muito bem, obrigado, de conchinha no sofá com o Robin.

Sou uma pessoa muito ansiosa, e essa ansiedade me traz uma infinidade de problemas e preocupações desnecessárias. Me preocupo muito com tudo e se algo sai 1mm do eixo, entro em desespero. Aí não fico bem, vem as taquicardias, dores de cabeça, sensação ruim...

Talvez seja a hora de começar a seguir a filosofia do pirralho e me preocupar menos. Afinal de contas, na maioria das vezes, é só um filme.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

TPM e outras coisas legais


Nunca fui uma pessoa muito certa, sempre fui na contramão do que a maioria gosta, ouvi músicas que ninguém conhece, acho homens feios bonitos, e por aí vai... Tive problemas com pânico e depressão (talvez de tanto ouvir as músicas do É o Tchan que minha irmã tanto gostava na época), mas hoje o que me deixa mal mesmo é a porcaria da TPM.

Tudo começa muito bem, com dias de alegria e descontração. Me sinto mais leve, mas alegre, disposta. Mas a alegria dura pouco porque, logo após esse período começa uma montanha russa se sentimentos. Talvez o pior deles seja o de rejeição. Começo a achar que as pessoas fingem gostar de mim, que, se são legais comigo, é porque querem me f*der em algum momento. Aí eu fico com esses pensamentos fixos de que, como dizem agora, "vai dar ruim" a qualquer momento. E junto com eles vem as dores de cabeça, o aumento de pressão, taquicardia, mão suada e todas essas coisas legais.

O mais engraçado é que tenho isso normalmente (se não todo mês, mês sim, mês não), mas sempre acho que "dessa vez é sério", "agora meus instintos estão avisando que vai dar merda". Maluquice? Talvez, mas andei pesquisando sobre o assunto e descobri que cerca de 40% das mulheres também tem isso e, embora nunca tenha conhecido nenhuma, o fato me deixa mais tranquila. Quer dizer, um pouco, né?

Enfim, nessas horas eu gosto mesmo é de botar tudo para fora (quem me segue nas redes sabe o quento eu fico mala, implicando com todo mundo) e já ganhei até uns "unfollows" e "cancelamentos de amizade" por aí (quase sempre de mulheres). Dessa vez resolvi expor minha situação e torcer para que alguma leitora se identifique e eu finalmente descubro que não estou realmente sozinha nesse mundo.


PS - Imagem meramente ilustrativa. Estamos trabalhando por uma pele e cabelos assim.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Só queremos um par de sapatos...





Tenho notado que existe um movimento (um tanto estranho, diga-se de passagem) das pessoas "online". O movimento de se esconder quando tem um assunto a tratar que as incomoda. Ou a tratar com alguém que as incomoda. 

Por exemplo: aquela amiga chata quer pedir um sapato emprestado para ir na super festa da irmã. Você não quer emprestar porque ela vai sujar, ou não vai devolver, ou o mais importante: para você, ela é do tipo que fica horas falando sobre a sua vida, contando coisas que simplesmente não te interessam e você não quer ter que lidar com ela. Só que você é muito amiga da irmã dela, pessoa legal, simpática, descolada. Aí vem o dilema: você sabe que se não emprestar o sapato, a mala não vai na festa da irmã e corre o risco das duas pararem de falar com você por causa disso. O que você faz? Diz para a irmã da mala que vai emprestar e se faz de morta, claro. A mala compra um vestido que combina perfeitamente com o sapato, faz planos para a festa, fica toda feliz. O dia da festa se aproxima e a mala, contando com você, fica te mandando e-mail, torpedo, tweet para combinar de pegar o sapato e você finge que não vê. Ela te liga e você não atende. O dia da festa passa e a mala acaba indo com uma rasteirinha que estava guardada no fundo da gaveta, ou nem vai, de tão chateada.

Aí eu pergunto: custava ter falado que "não vai dar não, tenho uma festa nesse dia" ou "poxa vida, eu bem que adoraria te emprestar, mas o salto dele quebrou"?

Enfim, pessoas são estranhas, custo a entender o que se passa na cabeça delas. Só sei que elas não tem ideia (ou o pior, tem e não se importam) das consequências que o ato de se esconder pode ter na vida de terceiros...


PS - Preciso de sapatos emprestados.